Nem tudo é sobre você: A personalização e seu impacto emocional

Você já se pegou remoendo um comentário, um olhar ou até um silêncio de alguém, sentindo que aquilo tinha a ver com você? Como se o tom de voz diferente de um colega significasse que ele estava chateado com você ou se uma mensagem visualizada e não respondida fosse um sinal de rejeição? Se isso já aconteceu, saiba que você não está sozinho. Esse fenômeno tem nome: personalização.

O que é a Personalização?

Segundo Aaron Beck, um dos precursores da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a personalização é um tipo de distorção cognitiva em que interpretamos eventos externos como reflexo direto de algo que fizemos ou somos. Em outras palavras, é quando acreditamos que o comportamento dos outros é sempre uma reação a nós, quando, na verdade, pode ter a ver com inúmeras outras variáveis.

Esse padrão de pensamento pode gerar culpa, insegurança e até esgotamento emocional, pois coloca um peso excessivo sobre nossas interações sociais e cria uma sensação constante de responsabilidade pelo que acontece ao nosso redor.

Como a Personalização Afeta Nosso Bem-Estar?

Quando interpretamos tudo como uma resposta direta a nós, ficamos presos a um ciclo de preocupação e autojulgamento. Por exemplo:

  • Um amigo responde uma mensagem de forma curta. Em vez de considerar que ele pode estar ocupado ou distraído, você assume que fez algo errado.
  • Alguém parece distante. Você acredita que a pessoa está chateada com você, sem considerar que ela pode estar enfrentando problemas pessoais.
  • Uma reunião no trabalho acontece sem você. A primeira conclusão é que você foi deixado de fora de propósito, não que talvez não fosse necessário para aquela pauta.

Essas interpretações equivocadas aumentam a ansiedade e o estresse, tornando as relações mais desgastantes e limitando nossa capacidade de enxergar as coisas com clareza.

Como Lidar com a Personalização?

A boa notícia é que, ao identificar esse padrão de pensamento, é possível reestruturá-lo. Algumas estratégias incluem:

  1. Questione seus pensamentos: Quando perceber que está assumindo que algo é sobre você, pergunte-se: “Que outras explicações podem existir para isso?” ou “Tenho provas concretas de que isso tem a ver comigo?”.
  2. Desenvolva a empatia: Lembre-se de que cada pessoa tem sua própria realidade interna, desafios e preocupações. O mundo não gira em torno das nossas inseguranças.
  3. Pratique o distanciamento emocional: Em vez de reagir imediatamente a um pensamento negativo, tente observá-lo com distanciamento. Isso ajuda a reduzir a carga emocional da interpretação equivocada.
  4. Fortaleça sua autoestima: Quando temos segurança em quem somos, ficamos menos vulneráveis à necessidade de validação externa.

A Liberdade de Saber Que Nem Tudo É Sobre Você

A personalização nos faz carregar um peso desnecessário, mas compreender que nem tudo é sobre você é libertador. As pessoas ao seu redor têm suas próprias histórias, emoções e desafios, e isso não significa que você não seja importante. Significa apenas que cada um está vivendo sua própria jornada.

Se você se identificou com esse padrão de pensamento e sente que isso tem impactado sua saúde emocional, a terapia pode ser um espaço seguro para explorar essas questões e desenvolver estratégias para lidar com elas.

E você? Já percebeu momentos em que personalizou situações sem necessidade? Compartilhe sua experiência nos comentários! ✨

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